Mais da metade dos adultos experimentam alguma vez, pelo menos de forma intermitente, alguma espécie de distúrbio do sono, que constitui, por isso, uma queixa muito frequente na Medicina de Família e Comunidade.

Vários fatores podem influenciar no sono, como idade, ambiente (temperaturas extremas, ruído, luminosidade), questões emocionais (ansiedade, estresse, depressão), condições orgânicas (dor, falta de ar, tosse, etc), fármacos (cafeína, álcool, anfetaminas, corticoides), além de outras substâncias e drogas de abuso (tabaco, psicoestimulantes e cocaína).

Uma vez que as perturbações do sono podem ser muito variadas e são múltiplos os fatores que podem contribuir para o seu aparecimento, são também muito variados os exames complementares de diagnóstico para o seu esclarecimento.

O tratamento farmacológico é justificado apenas em caso de falha de tratamento não farmacológico por, pelo menos, um mês ou em situações agudas com repercussão na funcionalidade e necessidade de atuação imediata. A utilização de hipnóticos deve ser precedida das medidas não farmacológicas e da realização de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), bem como por outras medidas comportamentais.

O álcool é a droga mais produzida, consumida e que causa mais dependência no mundo. O álcool está relacionado a danos de saúde diretos, como traumas, cânceres e cirrose. Além disso, é o fator mais frequentemente associado a episódios de violência entre pessoas, seja nas relações familiares ou comunitárias. Também é o fator mais frequentemente associado a acidentes de trânsito. Em se tratando dessa condição, o médico de família tem papel essencial em identificar, diagnosticar, oferecer alternativas terapêuticas e acompanhar o cuidado a longo prazo. As estratégias de enfrentamento dos problemas relacionados ao consumo do álcool são, em geral, a resposta a uma complexa rede de influências macro e micropolíticas, mas que podem começar dentro do consultório médico.

O tabagismo é a principal causa de morte prevenível no mundo, segundo a OMS. A dependência do tabaco (nicotina) é considerada uma doença crônica que, com frequência, exige repetidas intervenções e várias tentativas para se obter uma abstinência prolongada.

É essencial que o médico de família identifique e aborde com frequência todas as pessoas que fumam, aconselhando-as quanto à importância da cessação do tabagismo e seus benefícios. O aconselhamento e o tratamento medicamentoso são eficazes. Assim, recomenda-se a associação dessas intervenções em todos os fumantes que estão motivados para iniciar a cessação do hábito de fumar.

O sintoma ansiedade refere-se a um estado de angústia, preocupação ou apreensão. Sabe-se que diversas situações podem causar ansiedade suficiente para que uma pessoa procure o seu médico, mas isso não significa que a queixa esteja causando repercussão funcional tamanha que justifique o diagnóstico de um transtorno. Assim, apenas a ansiedade excessiva ou inadequada é considerada patológica, pois pode prejudicar a qualidade de vida de uma pessoa.

Uma pessoa com ansiedade patológica pode experimentar preocupações excessivas, dificuldade de concentração, insônia, irritabilidade, sensação de irrealidade ou de estar distanciado de si mesmo, medo de perder o controle, ou mesmo de “enlouquecer”, medo de morrer.

Os sintomas físicos mais sentidos são: palpitações, coração acelerado, sudorese, tremores, falta de ar, fadiga, tensão muscular, dor no peito, enjoo, dor abdominal, sensação de tontura, formigamentos.

O tratamento dos transtornos de ansiedade varia conforme a natureza do problema. De maneira geral, boa parte dos casos se resolverá com orientação sobre o problema (psicoeducação), apoio para o enfrentamento dos problemas vivenciados e mudança do estilo de vida (como atividade física e aplicação de técnicas para a redução do estresse, como Mindfulness). Alguns casos necessitarão de tratamento medicamentoso, sendo que a escolha por uma abordagem ou outra depende de fatores como gravidade do caso, disponibilidade de psicoterapia e preferência da pessoa.

Pessoas com tristeza e sintomas depressivos são muito frequentes no consultório do médico de família, mas a forma mais frequente é uma mescla de sintomas, como dor crônica vaga, sintomas ansiosos e sintomas depressivos.

A maioria das pessoas com quadros leves e moderados melhora espontaneamente ou com intervenções não medicamentosas, como seguimento com o médico de referência, atividade física e psicoterapia. O tratamento medicamentoso apresenta bons resultados, quando bem indicado, sendo que os inibidores seletivos da receptação da serotonina (ISRS) e os inibidores seletivos da receptação da serotonina e da noradrenalina (ISRSN) têm sido utilizados como primeira opção, pois apresentam menos efeitos colaterais.