Recentemente, fui convidada para falar um pouco a respeito dos cuidados com a saúde e sobre a importância de manter acompanhamento médico regular.
Antes de mais nada, é importante dizer que, segundo a OMS, a saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não, meramente, a ausência de doença ou enfermidade”. Partindo-se desse pressuposto, especialmente em um ano tão atípico como o de 2020, marcado pela pandemia de COVID-19, é possível nunca tenhamos sido tão diretamente afetados por uma doença como a que estamos vivenciando.
O isolamento social tem sido imprescindível para diminuir a transmissão da doença e foi possível observar que houve uma procura bastante baixa pelos serviços de saúde, tão rotineiros nos anos anteriores.
Nesse sentido, é cabe trazer algumas informações importantes para a população.
Por convenção, a prática da medicina preventiva foi dividida em quatro categorias:
PREVENÇÃO PRIMÁRIA: que são uma série de medidas que tomamos para nos manter livre das doenças, como vacinação, nutrição, água potável, saneamento;
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: que é a detecção precoce de doenças, de forma que o tratamento seja instituído antes que danos irreversíveis tenha
m acontecido. O grande exemplo da prevenção secundária são os rastreamentos para detecção precoce de câncer, por exemplo, em que nosso maior objetivo é detectar a doença em uma fase bem inicial, com enormes possibilidades de cura;
PREVENÇÃO TERCIÁRIA: que é quando reabilitamos pessoas em casos de doenças já estabelecidas, para evitar maiores complicações. Nesse momento, o que queremos é reduzir a incapacidade causada por tais doenças. Por exemplo, quando eu instituo fisioterapia para uma pessoa que sofreu AVC, eu estou fazendo prevenção terciária;
PREVENÇÃO QUATERNÁRIA: Por mim, muito se tem comentado de um último nível de prevenção, chamada P4 em que a gente pretende evitar os danos potenciais e a medicalização excessiva, decorrentes de intervenção médica excessiva, irracional. Ou seja, é como se eu saísse solicitando uma bateria de exames, todos iguais, para todas as pessoas que vem se consultar comigo. Isso, muitas vezes, não é eticamente adequado. A prevenção quaternária é justamente o ato do médico individualizar os exames, de acordo com cada paciente, para que haja uma solicitação de exames muito mais racional, que faça muito mais sentido para a pessoa, com base na sua história pessoal e familiar.
E é nesse sentido que os médicos de família e comunidade estão em uma posição bastante única para ajudar as pessoas a manter e melhorar a sua saúde. Eles atendem cada uma das pessoas, em média, 3-4x por ano. Muitas dessas consultas em função de problemas que se solucionam rapidamente em pessoas previamente saudáveis. Assim, o MFC oferecem, dessa forma, uma excelente oportunidade para aconselhamento sobre a saúde e detecção precoce de doenças.
Então, nos reconhecemos o momento que temos vivido, mas chamamos a atenção das pessoas para não descuidar dos seus problemas de saúde. É muito importante o contato regular com seu médico de família para que juntos, a pessoa e o médico, possam estar atentos a todos os níveis de prevenção e, sobretudo, garantir a manutenção da saúde, apesar da pandemia.
